Acabei de ler em um livro, que a depressão muitas vezes é algo que te puxa do mergulho na ilusão, é a possibilidade que se tem de ver a realidade, lidar com ela e talvez assim conseguir lidar com a vida.
Acredito que para mim não foi diferente, a depressão me trouxe a tona de um mergulho na ilusão de que minha vidinha era perfeita, a depressão me mostrou com a sua crueldade peculiar que meu casamento estava acabado e algo precisava ser feito.
E foi feito, me separei, cai no mundo, viajei, me apaixonei, amei, dancei, bebi, fiz tudo o que queria, tudo o que é possível a uma mulher de trinta anos, solteira, saudável, não havia limites, mas também sofri, chorei, fiquei sem dinheiro, aprendi, cresci
Mas com o tempo fui parando, parando até que parei, me centrei.
A depressão me trouxe a vida, mas eu não sabia, que com esse presente, que eu não tive opção de escolher ou não, havia um bichinho escondido, a Miastenia, uma doença autoimune que ataca depois de um grande Stress, e foi o que aconteceu, depois do looping que minha vida deu, ela bateu na minha porta, trazendo medos, inseguranças e uma cadeira de rodas de brinde.
Depois disso tudo uma surpresa, uma marido, novinho em folha, e eu tive a coragem de aceitar e acreditar que as coisas poderiam ser diferentes, como de fato estão, agora estou casada novamente, a depressão devidamente controlada e eu bem mais centrada, longe ainda de ser uma mulher equilibrada, mas bem melhor com certeza.
Olhando para tudo isso, valorizo agora não só o fato de estar viva, mas viva de verdade e não vivendo por osmose, valorizo também cada movimento e cada partizinha do meu dia a dia, valorizo o fato de conseguir comer, respirar, vestir minhas próprias roupas!!!!
E a cada dia que passa mas uma pecinha se encaixa no quebra cabeça da vida. Aos poucos vou entendendo, aceitando, vivendo.
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